Capela da Santa Casa de Misericórdia completa 135 anos e passa por restauro

Capela da Santa Casa de Misericórdia completa 135 anos e passa por restauro

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Os católicos campineiros celebram, neste mês, os 135 anos da capela construída em louvor a Nossa Senhora da Boa Morte, padroeira da Santa Casa. Em meados de agosto de 1876 (na semana em que os católicos veneravam a santa), tomou posse a mesa diretora da Irmandade de Misericórdia. A primeira missa no local aconteceu no dia 19 daquele mês. Apresentações musicais clássicas, durante as missas, festejam a fundação. A primeira aconteceu no sábado passado. E outras estão previstas para o último sábado de cada mês (confira box nesta página).

A paixão pelo patrimônio, no entanto, não se limita aos católicos. O templo, de acabamento refinado, se tornou um dos tesouros arquitetônicos da cidade, e é amado por historiadores e arquitetos. Tanto é que foi tombado como patrimônio público pelo Estado há quase 40 anos. E começa a passar por um apurado restauro, que ao longo dos próximos seis anos vai consumir recursos da ordem de R$ 12 milhões.

O proponente do restauro é o Instituto de Saúde Integrada (ISI), instituição voltada ao aprimoramento profissional de servidores da Saúde, instalado em dependências da própria Santa Casa. No momento, o grupo recupera o telhado da capela. Na primeira fase das intervenções (com recursos arrecadados junto aos católicos), foi reformada a sala do capelão, a um custo de R$ 70 mil. Depois da cobertura, serão contempladas forro, cúpula, altar-mor e nave (onde ficam os fiéis). O projeto completo de restauro prevê troca de portas e janelas, recuperação de piso, descupinização e prospecção (que vai identificar detalhes do acabamento original).

A ideia é resgatar pinturas original e detalhes da arquitetura neoclássica, de origem italiana. Uma comissão pró-restauro, formada por representantes da Irmandade, do ISI e da própria comunidade lançaram uma campanha para conseguir doações. À medida que os recursos entram no caixa, cada etapa é executada. E não interessa só dinheiro. O grupo aceita qualquer material de construção.

E toda contribuição é bem-vinda. Para se ter uma ideia, o restauro do telhado teve de ser paralisado dois dias nesta semana. É que faltavam ripas e telhas novas. Materiais básicos. O mestre-de-obras Adílson Bento Pereira, que comanda os pedreiros contratados pelo ISI, afirma que foi chocante ver o madeiramento apodrecido, que nunca foi trocado. “Havia tantas goteiras que as missas na capela estavam ameaçadas” , fala. “Pelo menos 60% das telhas estavam condenadas.”

Requinte

A capela toda foi feita em taipa. O altar-mor, as pias de água benta e as imagens sacras são de mármore. Quem visita o templo se impressiona com a nave abobadada sobre colunas, e o rico esquife de madeira entalhada e cristal, onde repousa a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte. Tudo foi feito com o dinheiro de um único cidadão. O fazendeiro José Bonifácio de Campos Ferraz, católico fervoroso, financiou todas as obras. Ele seguiu, fielmente, o projeto arquitetônico sonhado pelo cônego Joaquim José Vieira, idealizador do hospital. E o reconhecimento ao benemérito veio do próprio Império, que o concedeu o título de Barão de Monte Mor. Ferraz morreu oito anos depois da inauguração da capela, aos 69 anos.

Desde 1871, quando aconteceu o lançamento da pedra fundamental da Santa Casa, e pelos 40 anos que se seguiram, toda a assistência foi bancada pela Igreja. Por isso, a capela sempre teve um carinho especial da Igreja. E hoje não é diferente. Foi nas missas, pela cidade toda, que o ofertório conseguiu os recursos para o restauro da sala do capelão. O próprio arcebispo metropolitano, Bruno Gamberini, é um irmão benemérito e está envolvido nas ações de restauro. E o cônego Jerônimo Antônio Furian ( que vai presidir a celebração de hoje), integra a comissão pró-restauro.

O ISI, instalado na ala-norte do hospital há três anos, é o detentor do contrato de êxito para a reforma completa da capela, que terá todas as etapas avaliadas e aprovadas pelas equipes do patrimônio histórico campineiro. E a diretora do instituto, Leide Mengatti, se entusiasmou com a participação inicial da comunidade. “O campineiro aceita de coração participar do resgate de um patrimônio que conta a história da cidade”, fala.

Programação

Eventos culturais na capela histórica estão marcados para todo último sábado de cada mês. No dia 24 de setembro, por exemplo, vai  se apresentar o Trio Barroco (repertório do século 17, com flauta, oboé e teclado).

Quem tem interesse em conferir informações detalhadas sobre a his´toria da capela podem acessar o www.isicampinas.org.br , endereço eletrônico do ISI. A programação completa das celebrações religiosas podem ser conferidas pelo telefone (19) 3231-1357. O site e o telefone também estão à disposição das pessoas que podem colaborar, de alguma forma, com as obras de restauro.