Patrimônio Histórico

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Capela

foto-capela-1No Centro de Campinas, logo atrás da Prefeitura, está a Santa Casa de Misericórdia, com sua belíssima capela, tombada pelo Estado (Condephaac) e pelo Município (Condepacc). Teve início o mês passado o restauro dessa capela, graças às doações feitas pelos fiéis que ali participam, e que arrecadaram os R$ 54,9 mil para pagamento da primeira etapa deste serviço.

Como é sabido, a Santa Casa de Misericórdia é o primeiro Hospital de Campinas, construído pela iniciativa do padre Joaquim José Vieira. Ele angariou junto à população as doações necessárias para a obra, iniciada em 1871 e inaugurada em 1876. Não é a primeira instituição de assistência pública da cidade, mas é a mais significativa, que mais serviços prestou à população em tempos difíceis.

Padre Vieira fundou também a Irmandade de Misericórdia de Campinas, que passou a ser detentora da posse dessa instituição e cuja mesa diretora tem a incumbência de geri-la, preservando sua natureza e objetivo: “dispensar assistência hospitalar e conforto moral aos pobres enfermos”. A direção interna foi confiada às irmãs de S. José, ótimas enfermeiras, destacando-se Irmã Serafina e a presença de capelães como Pe. João Batista Correa Nery.

A primeira mesa diretora teve como provedor o próprio Pe. Vieira (1876-1883), substituído pelo Pe. Francisco de Abreu Sampaio (1883-1887) e contou com uma plêiade de cidadãos beneméritos, de envergadura moral admirável, como Bento Quirino dos Santos, Luiz Silvério Alves Cruz, Francisco Alves de Almeida Sales e outros. Atualmente, a mesa diretora da Irmandade é presidida pelo Dr. Murillo Antonio M. de Almeida, tendo como vice o Dr. Cirilo Pardo M. Muraro, e se dedica à recuperação e manutenção da entidade na continuidade do trabalho desses antepassados ilustres.

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A capela ora em restauro, ou melhor, revitalização, foi uma doação do cidadão José Bonifácio de Campos Ferraz, Barão de Monte Mor, que doou o edifício todo construído e pronto. Juntou-se ele, assim, a Maria Felicíssima de Abreu Soares, doadora da quadra de terreno no qual se construiu a Santa Casa. São gestos de generosidade admiráveis. Supõem não só grandeza de espírito, mas o realismo de quem sabe que será julgado um dia por Aquele que tudo nos deu, e pedirá conta do que fizemos com suas dádivas. Se usadas para satisfazer o mesquinho egoísmo, autopromoção e vanglória ou para amontoar um tesouro nos céus.

Infelizmente, carregamos de nosso passado colonial arcaico, o ranço de aproveitar e levar vantagem pessoal em tudo, esquecendo-se de trabalhar para que todos possam participar de uma sociedade justa e fraterna. Seria bom que aparecessem pessoas altruístas, mecenas, que ajudassem a levar avante esse trabalho de restauro da Capela de Nossa Senhora da Boa Morte. Que se juntassem nessa empreitada à Irmandade de Misericórdia, ao ISI (Instituto de Saúde integrada), à comunidade católica que frequenta a capela e demais pessoas interessadas na preservação deste patrimônio da cidade.

Cônego Pedro Carlos Cipolini é doutor em Teologia, professor da PUC-Campinas e ex reitor da Basílica do Carmo e Bispo Diocesano de Santo André.