Burocracia trava novos leitos para a rede pública

Burocracia trava novos leitos para a rede pública

Liberação das vagas depende de aval da Vigilância Sanitária para reformas

Bruna Mozer – bruna.pinto@rac.com.br

Pacientes aguardam atendimento no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti: Prefeitura estima déficit de 80 leitos para internação e prepara processo para a abertura de 96 vagas (Foto: Érica Dezonne/AAN)

A criação de 96 novos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais particulares de Campinas — na Casa de Saúde e Santa Casa de Misericórdia — ainda não saiu do papel por necessidade de reformas e adequações nas unidades. A promessa para amenizar a falta de vagas na cidade foi feita há cerca de dois meses pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) e prevê uma parceria entre o governo e essas unidades, que têm leitos ociosos, mas não possuem recursos para que entrem em operação.

A expectativa era de que a Casa de Saúde começasse a receber os pacientes pelo sistema público a partir do dia 10 do mês passado, o que não aconteceu. O secretário de Saúde, Carmino Antonio de Souza, afirmou que o convênio está mantido e atribuiu os atrasos às adequações estruturais que foram necessárias — como pequenas reformas para receber os pacientes. Ainda será necessária uma vistoria das acomodações pela Prefeitura.

Os novos leitos serão custeados pelo SUS — que repassará R$ 500,00 por mês equivalente a cada acomodação.

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Foto: Cedoc/RAC

Secretário Carmino de Souza: processo mais adiantado para liberação de leitos na Casa de Saúde

A diretora da Casa de Saúde, Odete Pregnolatto, afirmou que foi necessário fazer reformas nos banheiros dos quartos que receberão o SUS. “Antes, no lugar, funcionava a maternidade, os banheiros são apenas femininos”, disse. A adequação para receber pacientes homens foi finalizada e só esperam o aval da Vigilância Sanitária. A unidade terá 26 leitos funcionando pela rede pública. De acordo com Odete, o quadro de funcionários já foi contratado.

A Santa Casa de Misericórdia terá 40 leitos custeados pelo governo e outros 30 serão administrados pela Beneficência Portuguesa, uma vez que a unidade não tem mais espaço disponível para novos atendimentos. Os dois hospitais totalizarão mais 70 vagas para a saúde pública de Campinas. “A Beneficência fez um arrendamento dos leitos. E, para nós, o que importa é número de vagas maior para a rede”, disse Carmino.

A assessoria de imprensa da Beneficência informou que as adequações necessárias também já foram feitas, mas que espera as aprovações da Prefeitura para que comece a funcionar. Porém, não deu detalhes de quais melhorias foram exigidas.

Segundo o secretário, a inauguração das vagas da Casa de Saúde é a que está com processo mais adiantado no poder público e deve ocorrer nos próximos dias. Nas demais unidades a abertura dos leitos deve ser “rápida”, conforme a Prefeitura, mas não foi informada uma data para que isso ocorra.

Falta de leitos

A falta de leitos é um problema antigo de Campinas. Em abril, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) realizou uma vistoria no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti e encontrou uma situação precária, com pacientes internados em macas espalhadas pelos corredores há semanas.

A situação reflete nos prontos atendimentos, que deveriam manter os pacientes no local apenas para observação, mas pessoas permanecem internadas por 15 dias pela falta de leitos nos hospitais.

Carmino estima que o déficit de vagas nos hospitais de Campinas seja em torno de 80, mas ele afirma que esse número também é um reflexo das unidades que foram fechadas temporariamente no Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas, por causa do caso da superbactéria, que foi identificada em pacientes do local há três semanas.

“Não acho que é uma situação muito grave. Recebemos muita gente de fora, que gera uma sobrecarga na rede pública da cidade. Acredito que esses novos leitos vão ajudar a desafogar a situação”, afirmou o secretário.